Acessaurus Lentus

Quem já ouviu falar do AcessaSP? Em tese, a expressão suscita dinamismo, agilidade, mobilidade. Ainda que não conheçamos o fato de que se trata de um programa mantido pelo governo tucano de São Paulo – cujo propósito consiste em acelerar o processo de inclusão digital às camadas da população mais carentes de recursos econômicos e financeiros – tais palavras, idéias e conceitos, de maneira automática, nos vêm à mente; de modo natural. De um programa que se propõe a oferecer facilidade de acesso à inernet para um número tão grande de cidadãos na verdade é o mínimo que se espera: dinamismo, agilidade, etc. Simples, não? Nem tanto. No mês de agosto de 2007, portanto há um pouco mais de um ano e meio, foi inaugurado nas dependências da estação São Bento do Metrô um novo posto do programa. Na época, o governo do PSDB alardeou o fato como se fosse a inauguração não apenas de uma nova unidade de um determinado programa social, mas de uma verdadeira “revolução” em termos de ações direcionadas ao chamado processo de inclusão digital. Será? Quem teve o infortúnio de tentar usufruir do serviço definido como revolucionário, certamente, decepcionou-se. Claro, fui um desses ignotos incautos. Estava no centro da cidade e, como não disponho de sistema móvel, necessitava recorrer a uma Lan House ou Syber Café. Contudo, alguém informou-me sobre a existência do dito programa e do respectivo posto que se localiza na estação São Bento. E lá fui eu todo crédulo e faceiro. Meus problemas começaram exatamente nesse ponto. Acessa São Paulo? Como assim? Pelo menos no que diz respeito àquela unidade o nome não faz o menor sentido. Primeiro, ninguém conhece sua existência. Portanto, acessar o quê? Tudo bem; por algum milagre o sujeito consegue descobrir que existe um posto do AcessaSP na estação São Bento do Metrô. Ótimo! E agora? Onde, em qual ponto da estação? “Fica embaixo da escada...”. Lacônica e açodadamente é como o segurança da estação te responde. Mas onde fica a ditosa escada?! Lá vai o pobre, então, ziguezagueando pela estação até localizar a tal escadaria. A visão é estarrecedora. O posto (aquele mesmo, o da revolução digital) chega a causar arrepios. Num lugar que mais parece um porão obscuro do que um espaço público destinado ao acesso gratuito de recursos tecnológicos, está formada uma enorme fila. Com os semblantes combalidos, cabisbaixos, os “usuários” do sistema aguardam desanimados. “Primeiro o senhor tem que preencher uma ficha...”. É o que diz a funcionária com a cabeça baixa; no mais característico estilo do funcionalismo público anacrônico. A ficha, na verdade, é um amplo e burocrático questionário. “Agora, o senhor tem que esperar lá fora...”. Diz a funcionária, óbvio, com a cabeça mais baixa do que antes. Durante os cerca de cinqüenta minutos que fiquei esperando, pude observar atentamente os “equipamentos” e as dependências do posto revolucionário da propaganda oficial. Equipamentos: mais ou menos dez microcomputadores absolutamente ultrapassados; quatro dos quais não estavam funcionando. Havia uma impressora, mas, pasmem, com uso restrito – na verdade quase impeditivo. Dependências: o posto fica embaixo da escadaria que dá acesso à rua Sta. Efigênia (mais abafado impossível). O lugar é escuro e obscuro e, diga-se de passagem, um tanto úmido. Além disso, localiza-se ao lado dos sanitários públicos fétidos e imundos (acreditem se quiser). Pude notar, ainda, que algumas luminárias estavam simplesmente danificadas e outras tantas piscando. Tal contexto criava um ambiente de lusco-fusco totalmente inadequado às atividades relacionadas à informática. Finalmente chegou a minha vez. Entrei. Claro, aguardei mais quinze minutos até que meu cadastro fosse consolidado. Ocupei o meu lugar. Liguei o micro e... Não é que o danado travou! Sendo assim, pergunto: acessa São Paulo? Conta outra.

5 comentários:

Anônimo disse...

São as manipulações do governo tucano. Quando os paulistas vão acordar e tirá-los do poder? Parabéns e saudações...

Anônimo disse...

É simplesmente vergonhosa e lamentável a proganda enganosa do governo tucano em SP. O Serra, de modo escancarado, resolveu promover sua própria candidatura à presidência em 2010, usando os cofres píblicos. Alguém precisa tomar alguma providência!

Renato Machado disse...

Já no posto referido na matéria. É da idade da pedra! Já estive em outros, também: a mesma coisa. A propaganda oficial fala uma coisa, mas a realidade diz outra bem diferente. Parabéns, companheiro.

Ghilherme Santiago disse...

Achei muito engraçada a charge. Impressionante a semelhança entre o Serra e seu antepassado, o Dino Rex.

Anônimo disse...

Mais respeito com o Serra, gente!