A dura realidade do mercado olímpico

É triste, realmente muito triste, constatar a maneira como o esporte olímpico brasileiro tem sido “administrado” até aqui. De um lado, a histórica falta de investimentos do setor público e privado – salvo raras e honrosas exceções (é bastante oportuno lembrar que o atual governo tem feito o possível, através do Ministério do Esporte sob a gestão eficaz do ministro Orlando Silva); de outro, os oportunistas, “marqueteiros” e ufanos de plantão. Aqueles que, nos quatro anos que antecedem as competições, simplesmente ignoram nossos atletas; e, ao iniciarem os jogos olímpicos, põem-se a inventar ídolos e heróis sempre com o espúrio propósito de aumentar índices de audiência ou venda de jornais e revistas. Empregando as mais toscas patriotadas, tentam envolver a opinião pública num clima falso de “amor ao país”. O resultado, óbvio, é sempre frustrante. Nossos atletas, quase sempre heróis anônimos e abnegados, não podem corresponder às expectativas. Ficamos, então, com uma profunda sensação coletiva de incompetência e desânimo – o que, venhamos e convenhamos, também é absolutamente falso e injusto. Senão, vejamos: vôlei, com um mínim de interesse e investimento, melhor do mundo; judô, através de valorosas iniciativas individuais, medalhas olímpicas e campeonatos mundiais; ginástica olímpica, com Diego Hipólito, Daiane dos Santos; atletismo, com Jadel Gregório, entre inúmeros outros exemplos de abnegação e competência, consolidam a tese. O fato ocorrido recentemente com as jogadoras de vôlei do Finasa Osasco (SP) pode e deve ser utilizado como exemplo clássico e cabal com o propósito de evidenciar o modo oportunístico como os esportes amador e olímpico são “geridos” no Brasil. A parceria com o grupo Bradesco foi extinta, após 20 anos de existência. Enquanto o time representou fonte de lucro e dividendos aos patrocinadores, foi mantido; entretanto, sob o pretexto do acirramento dos efeitos da crise econômica internacional no país, os empresários não tiveram o menor escrúpulo: extinguiram a equipe. Jogadoras como Carol Albuquerque, Sassá, Thaísa e Paula Pequeno foram tratadas como objetos descartáveis. É importante ressaltar que as quatro atletas receberam medalhas de ouro nas Olimpíadas de Pequim, cabendo observar, ainda, que Paula Pequeno foi eleita a melhor jogadora da competição. Quando os esportes olímpicos deixarão de ser tratados com descaso e hipocrisia? Quando deixarão de prevalecer ações de
oportunismo ou interesses efêmeros, imediatistas? Quando, enfim, o país irá despertar e assumir sua intrínseca vocação de potência olímpica?

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